Inclusão social, diversidade, equidade de direitos: modismo ou necessidade?

Por Nádia Romero e Andréa Mesquita


Muito se fala em inclusão social, diversidade, equidade de direitos, mas no dia-a-dia - e principalmente no mercado de trabalho - a vida de quem luta por igualdade não é relatada com tanta simplicidade e aceitação de todos os lados.

As empresas cada vez mais anunciam não possuir preconceitos em seus processos seletivos, porém não de forma incomum desde o inicio do recrutamento, quando o candidato se cadastra no site de emprego, se depara com situações que geram desconforto, como por exemplo preenchimento do formulário de descrição tendo apenas Masculino e Feminino, sem espaço para apontamento de outro gênero.  

A realidade que vivemos é que desde o departamento de recursos humanos usual, onde o início do recrutamento acontece, até no acesso aos vestiários e banheiros, há oportunidade de melhoria na receptividade ao colaborador diverso e, na preparação dos times para o convívio e respeito diário, sem gerar constrangimentos para ambas as partes.

O tema ainda é considerado delicado no meio corporativo e gera  muita discussão entre grupos que se dizem ser ”liberais” e apoiarem a causa, mas muita vezes realmente desconhecem a dor de quem luta, como no caso do movimento LGBT - já considerado doença e em 17/05/1990 venceu a causa da discriminação, se libertando deste título dado pela OMS.

Outras formas de inclusão e diversidade nas empresas são a não discriminação por raça ou etnia, entre eles o racismo, tema relevante quando se fala em igualdade, já marcado por grandes períodos de luta, superando cada vez mais as barreiras do preconceito.

Numa sociedade onde, desde os primórdios, o preconceito é aplicado, devemos ter cada vez mais um olhar para a atual e contemporânea forma de educar às pessoas, aos professores, aos estudantes, às empresas e seus colaboradores, gerando não só oportunidades e inclusão para todos, mas principalmente informação e respeito.

Diversidade no Agro

Na indústria do agronegócio, o machismo - grande líder nas causas de desigualdade - vem tendo seu cenário modificado. Cada vez mais mulheres ocupam posições de gestoras, líderes, CEO’S e estimulam outras mulheres a entenderem mais do universo agro e quererem atuar na área em diversas funções.  

No mês de maio, onde se comemora a luta contra a Homofobia, diversidade e inclusão,  constatamos que ainda há muito a alcançar na sociedade, mas que o tema já ganha espaço e olhar no ramo do agronegócio.

O caminho pela igualdade está em evolução e sendo implementado pelas empresas, quebrando barreiras com a falta de conhecimento e dando oportunidades e espaço para igualdade entre todos

Inclusão já está no agro

Apesar de representar cerca de 21% do PIB nacional e envolver inúmeras empresas, ainda não podemos dizer que o setor do agronegócio é o mais engajado quando o assunto é diversidade. Mas já temos motivos (e iniciativas) para comemorar as mudanças.

A Cargill, gigante da nutrição animal com cerca de 160 mil colaboradores, foi reconhecida como a empresa mais inclusiva e diversa do agronegócio na primeira edição do Guia Exame de Diversidade, em 2019. Empresas como esta procuram por essa igualdade no seu grupo e apoiam que todos tenham oportunidades em seu time, como relata o CEO Luiz Pretti, onde visa que a importância maior "é derrubar muros e preconceitos e dar oportunidades a todos no ramo do agronegócio".

Foto: Flávio Moret (Image Factory)

Outra empresa que visa projetos de inclusão é a alemã Bayer, que criou o projeto de comitê de diversidade. “A Bayer acredita na diversidade e na liberdade das pessoas serem aquilo que são. O respeito à individualidade é um dos norteadores da empresa.”

A fim de fortalecer esse tema, a Elanco fomentou a formação de uma equipe interna voltada exclusivamente a assuntos relacionados à diversidade e, ainda em 2020, este grupo se tornará um Comitê de Diversidade.

“Na Elanco, desenvolvemos nossos estagiários para que tenham segurança ao desempenhar desde atividades básicas na área até gerar ideias e defendê-las frente à liderança. Queremos que se sintam preparados para inovar em processos e participar de projetos multifuncionais com outras equipes”, afirma Suélen Bauer, analista sênior da área de Aquisição de Talentos da Elanco Brasil, que ingressou na empresa como estagiária em 2014. Segundo ela, a multinacional acredita que é necessário ter produtos e processos inovadores para cumprir sua visão – “alimento e companheirismo enriquecendo a vida”. Por este motivo, promove uma cultura plural e diversa, onde as pessoas possam contribuir e fazer a diferença independentemente de raça, deficiência, gênero, orientação sexual e tantas outras questões que contribuem para a unicidade individual.

Não só no mês de maio, mas cada vez mais as empresas tem a responsabilidade social de desconstruir o preconceito e gerar conhecimento entre seus colaboradores, para que todos possam ter direito de exercer com maestria seus talentos e habilidades independente de suas diferenças.

Inclusão social, diversidade, equidade de direitos: modismo ou necessidade?
Sabendo da importância do tema, em comemoração ao mês do Zootecnista, o Território da Carne abre suas portas para receber profissionais dispostos a abrir o jogo sobre como é fazer parte da chamada "minoria", trazendo temas como homossexualidade, obesidade, racismo, assédio, transexualidade, poliamor, veganismo e xenofobia dentro do mercado da Zootecnia, como forma de incentivar atuantes da área (ou não) que vivenciam a mesma situação, a enfrentarem seus maiores medos e irem atrás de seus objetivos.

Aos empregadores, estendemos o convite e esperamos que implementem a cultura da diversidade em seus ambientes, seja ele no campo, na cidade, no laboratório, no curral, no frigorífico, no escritório, ou em qualquer lugar. Afinal, nunca fez sentido avaliar a capacidade de entrega pela aparência, orientação sexual ou até mesmo suas ideologias.

Preparamos com muito carinho, espero que faça sentido para você.

Vem aí I Semana da ZooDiversidade, de 25 a 30 de maio de 2020, às 21h.

Mais informações, clique aqui.