"Fazer o certo no lugar errado”: a virada do açougue Égua da Carne
"Eu era muito teimosa, muito cabeça dura e insisti, insisti...” — a história de Josy e a coragem de recomeçar o Égua da Carne para fazer o certo acontecer.
Josy, proprietária do açougue Égua da Carne, enfrentou a difícil decisão de mudar não só o endereço do seu negócio, mas também sua mentalidade. Após quatro anos resistindo em uma rua com 14 outros açougues, onde qualidade gerava desconfiança e não reconhecimento, ela decidiu recomeçar do zero. A mudança trouxe desafios, mas também alívio e clareza. Com o apoio do Território da Carne e da Comunidade P580, ela encontrou direção para reorganizar processos, lidar com fiscalização mais presente e se reconectar com o propósito. Hoje, em um novo bairro e com uma nova visão, Josy projeta um futuro mais estruturado — onde fazer o certo finalmente encontra espaço para crescer.
A coragem de mudar tudo: o recomeço do Égua da Carne em novo endereço
Empreender no varejo de carne exige muito mais que conhecer cortes: é saber lidar com pessoas, interpretar o mercado, equilibrar estoque e fluxo de caixa, e tomar decisões difíceis todos os dias, sempre com foco na qualidade e no cliente. A verdade é que empreender é tomar decisões difíceis. No caso da Josy, proprietária do açougue Égua da Carne na cidade de Belém, não foi diferente, essa decisão veio em forma de mudança de endereço, de público, de posicionamento e, principalmente, de mentalidade.
Quando empreender é ter fé e força: a história de recomeço do Égua da Carne
Instalado anteriormente em uma rua com outros 14 açougues, o Égua da Carne era o 15º — e o único que seguia padrões de qualidade e boas práticas. Essa postura, no entanto, gerava desconfiança por parte dos clientes, acostumados com uma realidade diferente. “Quando tu tens uma grande demanda de pessoas vivenciando uma realidade onde só tu fazes diferente, dificilmente as pessoas vão acreditar que as políticas que a gente praticava (diferentes dos outros) estavam certas, mas sim que nós éramos os únicos errados”, conta Josy.
Muitos clientes, ao compararem os preços mais altos praticados pela casa, questionavam o valor cobrado. Mas aqueles que ouviam com paciência a explicação sobre procedência, higiene, cortes e atendimento, acabavam compreendendo, e, não raramente, tornavam-se clientes.
Apesar dos alertas vindos de pessoas ao redor, incluindo Andrea Mesquita, que em uma visita afirmou: “Você está fazendo o certo no lugar errado”, a decisão de mudança demorou a amadurecer. O Égua da Carne permaneceu nesse endereço por quatro anos, enfrentando diariamente o desafio de se diferenciar pela seriedade e qualidade.
“Eu era muito teimosa, muito cabeça dura e insisti, insisti...” E foi no dia 29 de janeiro de 2025, após um momento de profunda reflexão pessoal, que Josy sentiu que era de hora de sair. “Naquela manhã, Jesus falou comigo, me pedindo para sair de lá. E ainda naquele mesmo dia, encontramos o novo ponto. E aí começou nossa corrida para reformar, fazer adequações, ver valores...” relembra Josy.
Da resistência à decisão: como Josy reinventou o Égua da Carne do zero
A mudança trouxe novos desafios. Segundo Josy, o maior desafio é que “é um recomeço, como se estivesse abrindo um açougue do zero, como se ninguém conhecesse a gente.” Além disso, o bairro atual é mais exigente, com presença constante da fiscalização, algo raro na localização anterior. “Parece que estamos em outra cidade...”, afirma Josy, que não vê a fiscalização como algo ruim. No entanto, como não há fiscalização nos outros bairros, acabam cobrando apenas em um, o que torna esse bairro mais exigente.
Mesmo sem um plano fechado, a decisão de sair do antigo endereço trouxe alívio e abriu espaço para novas possibilidades. “Agora as coisas estão começando a se encaixar, e estou entendendo melhor onde focar”. Ao longo desse processo, o suporte do Território da Carne foi essencial para as tomadas de decisões e apoio. Além da fé, Josy destaca que todas as ações foram pensadas e praticadas com orientações dos encontros e mentorias do PDA do TC. “Tudo foi guiado pelas orientações das meninas do TC. Cada passo, desde a abertura da loja, processos, organização com licenças... em todos os processos o TC tem orientado a gente”.
Membro da Comunidade P580 desde 2021, Josy relata sua experiência em nossa Comunidade: “A gente sempre diz na comunidade: não é sobre vender carne, é sobre pessoas. E é isso que mais sentimos aqui.”
A experiência de mudança também trouxe aprendizados importantes, que ela faz questão de compartilhar com quem está começando: “Saber o que está fazendo, não meter os pés pelas mãos; nós pagamos um preço muito alto por isso. E é essencial entender o que você está vendendo, como está vendendo, e colocar o preço certo no produto”.
O açougue Égua da Carne foi reinaugurado no dia 22 de abril de 2025, marcando o início de um novo ciclo, mais desafiador com certeza, mas também mais alinhado com os valores da proprietária e a visão do negócio. Com o novo espaço em funcionamento, Josy olha para o futuro com esperança e determinação:“Espero muito reverter o quadro financeiro que nos desestabilizou e conseguir crescer de forma mais estruturada. Agora é uma nova fase.”
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